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Comunistas e Católicos Unidos em Defesa do Povo

Panfleto de propaganda do PCP (Partido Comunista Português) para os comunistas e católicos, 1975


6 perguntas, 6 respostas




1 - É justo dividir os portugueses entre católicos e não católicos?


O que une ou separa os portugueses não é a diferença de concepção filosófica do mundo, não é a religião ou o ateísmo, mas os seus interesses vitais e as suas posições em relação aos problemas fundamentais que se colocam ao nosso povo.

Os operários católicos e não católicos são igualmente explorados, têm os mesmos interesses e as mesmas aspirações. O mesmo sucede aos camponeses e a outras classes e camadas da população.

Hoje, no nosso país, as massas populares estão empenhadas numa mesma luta contra a reação, pela defesa e consolidação das conquistas democráticas, pelo desenvolvimento do processo revolucionário em benefício de todo o povo. Dividir os portugueses entre católicos e não católicos significaria abrir uma brecha no movimento popular de que só poderiam aproveitar-se os reacionários, inimigos do povo.

Por isso, hoje como ontem, o Partido Comunista Português opõe-se firmemente à divisão dos portugueses entre católicos e não católicos.


2 - Os comunistas defendem a liberdade religiosa?


Para nós, comunistas, cada um deve ser absolutamente livre de professar a religião que quiser ou de não professar religião nenhuma.

Por isso opomo-nos a quaisquer atitudes que possam ferir os sentimentos religiosos e mostramos na nossa atividade prática ser essa a nossa orientação.

Plena liberdade de consciência, plena liberdade de crença e prática de culto - este é o objetivo pelo qual lutamos e queremos que seja uma realidade no Portugal democrático que estamos construindo.

Na sociedade socialista pela qual lutamos não haverá discriminação por se ter ou não ter uma crença, praticar ou não praticar um culto.

Os comunistas são absolutamente contrários, para hoje e para amanhã, a quaisquer perseguições ou discriminações sociais por motivos religiosos.


3 - Há motivos de cooperação entre comunistas e católicos?


Nós, comunistas, temos uma concepção científica do mundo, o marxismo-leninismo, cujos objetivos últimos são o fim da exploração do homem pelo homem, a construção do socialismo e do comunismo - a sociedade da mais completa justiça social.

O Partido Comunista entende que as convicções religiosas, por si só, não são suscetíveis de afastar os homens na realização de um programa social e político e que, desta forma, comunistas e católicos podem e devem unir-se em defesa dos seus anseios comuns: em defesa dos interesses dos deserdados e ofendidos, do povo e do país.

Os comunistas têm provado que não têm outro objetivo na vida que não seja servir o povo trabalhador e a pátria. Por essa causa deram e continuam a dar todas as suas energias, foram perseguidos e torturados, lançados longos anos nas prisões, privados de tudo e por vezes assassinados.

Qualquer pessoa de sentimentos honrados, animada pelo ideal cristão, sentir-se-á mais próxima dos comunistas, que não são católicos, do que daqueles que se dizem cristãos sem alguma vez terem sido.


4 - Essa cooperação tem existido?


Durante o fascismo, nós comunistas, na nossa luta diária contra a exploração, fizemos a unidade com os trabalhadores católicos. Nos últimos anos, vastos círculos católicos, abrangendo leigos e sacerdotes, aceitaram o diálogo fraternal e a cooperação com o Partido Comunista.

Na sua esmagadora maioria, os católicos estavam contra o fascismo e reprovaram a política reacionária do alto clero. Católicos eram muitos trabalhadores, estudantes, soldados e intelectuais que lutaram ao lado dos comunistas contra a política de fome, de terror, de obscurantismo, de guerra, do regime fascista.

Depois do 25 de abril, comunistas e católicos, assim como outros portugueses de outras convicções e crenças, participam ativamente no processo democrático e de descolonização.

Um futuro de amizade e entendimento abre-se a todos quantos desejem pôr fim às injustiças sociais e construir em Portugal uma nova sociedade que corresponda aos interesses, às aspirações e aos objetivos das classes trabalhadoras e do povo.


5 - Quais devem ser as relações entre a Igreja e o Estado?


Durante o fascismo, pela política reacionária dos seus chefes, a Igreja não se manteve nos limites da atividade religiosa. Tomou uma posição aberta de apoio à ditadura fascista. Colocou-se sistematicamente ao lado dos monopólios contra as classes trabalhadoras, apoiou a política de terror contra as massas populares, apoiou a perseguição aos democratas, atiçou a perseguição aos comunistas, apoiou a política colonialista e a guerra colonial.

Estas realidades não podem ser desmentidas. As posições reacionárias, repetidamente assumidas no passado pelo clero, mantêm-se infelizmente em alguns casos. Certos jornais paroquiais, pela sua cegueira anticomunista, identificam-se com as forças mais recionárias. Não servem a Igreja nem o povo.

Os comunistas defendem a existência de boas relações do Estado com a Igreja. Apenas se deve exigir que o alto clero não se sirva da Igreja para fazer política.


6 - Um católico pode ser comunista?


Pode ser membro do Partido Comunista Português todo aquele que aceite o Programa e os Estatutos do Partido, milite numa das suas organizações e pague a cotização estabelecida pelo Partido.

Nas fileiras do Partido Comunista militam operários e outras pessoas de formação religiosa - católicos e protestantes - muitos deles com inúmeras provas de espírito de luta e de firmeza perante o inimigo.

Nós, comunistas, desejamos que todos aqueles católicos que se identificam conosco nas soluções para os grandes problemas nacionais e nos ideais de justiça social, que conosco desejam a edificação de uma sociedade socialista, que se dispõem a aceitar a linha política e a disciplina do Partido, e que só não se identificam conosco porque mantêm as suas crenças religiosas - desejamos que tais católicos, sacerdotes ou não, venham ao nosso Partido, onde não há qualquer reserva para eles.



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